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Escândalo na hora de comer e tomar banho, birras na hora de dormir, dificuldade de ouvir não e ser confrontado, não querer ir à escola, correr pelos corredores do shopping. Essas são algumas das situações em que os pais se encontram aflitos, não sabendo como colocar limites e corrigir comportamentos dos filhos. Afinal, existem soluções mágicas? Como lidar com situações de tamanho estresse?

A psicóloga do CEPAE Mariana Biffi, formada pela UNESP e doutoranda em Psicologia Clínica pela PUC-Campinas, respondeu a essas e outras perguntas em palestra aos pais no CECI FOP (Faculdade de Odontologia de Piracicaba), no dia 15/8. O encontro foi mais uma etapa do Projeto de Mães Transdisciplinar. Mariana abriu espaço para diálogo e troca de experiências entre as famílias e a escola. Cada pai ou responsável pôde falar em quais momentos da rotina tem mais dificuldade em impôr limites aos filhos.

A psicóloga deixou claro que não existem fórmulas para educar os filhos, alertando a tomar cuidado com livros e programas de televisão. Tais materiais podem até ajudar e ser interessantes, mas “nenhuma teoria pode ser mais importante do que o conhecimento que os pais têm dos próprios filhos”, disse. Afirmou também que os limites não auxiliam apenas os pais, mas contribuem com o desenvolvimento e o bem estar da criança. Segundo Mariana, limites diminuem a ansiedade, aumentam a tolerância das crianças, ensinam regras de convivência e cidadania, e dão noção de responsabilidade. Crianças às quais não se impõe limite, por outro lado, podem ter sérios problemas em conviver com outras pessoas na escola e, até mesmo, durante a vida adulta.

Mas a psicóloga também alertou que, apesar de existirem “limites que servem para tudo”, cada idade tem suas necessidades, daí a importância de se estabelecerem regras que correspondem à fase que a criança está vivendo. De 0 a 1 ano, por exemplo, são importantes os cuidados corporais, o toque físico, para dar segurança ao bebê e ajudá-lo a desenvolver confiança. Já de 1 a 4 anos, a criança aprende que algumas coisas são proibidas, o que permite que os pais apresentem os limites.

No entanto, esclareceu a especialista, esses limites não devem vir acompanhados de longos discursos. “Não adianta falar que a criança precisa tomar banho por causa das bactérias que tem pelo corpo”, explicou, em tom de brincadeira. Às vezes basta um “porque eu estou mandando”, já que, na maioria das vezes, a criança obedece simplesmente porque quer agradar os pais.

Por fim, Mariana acrescentou que as rotinas são importantes, mas que não devem ser estabelecidas de maneira muito artificial. A criança pode não estar se sentindo bem naquele momento por causa de algum acontecimento incomum. Cabe aos pais lidar com cada situação. Os pais também não devem se preocupar excessivamente com horários o tempo todo. “Todos os dias acordamos cedo, mas que legal que podemos dormir um pouco mais no domingo, já que ontem ficamos acordados até mais tarde”, lembrando da importância de deixar claro que os dias são diferentes. 

A psicóloga, citando o pediatra e professor da Unicamp José Martins Filho, resumiu que a criança precisa de:

  • Firmeza, suavidade e consistência;
  • Coerência e cumplicidade;
  • Liderança tranquila (não é necessário gritar o tempo todo);
  • Regras fáceis de serem compreendidas, sem autoritarismo, estabelecidas de forma clara;
  • Confiança, mas também vigilância e atenção;
  • Ser chamada sempre para o diálogo.


Já os pais, afirmou, precisam se cobrar menos, porque não são perfeitos. Também não devem ter grandes expectativas em relação aos filhos, pois a frustração dos pais é pesada também para as crianças. Lembrou que “o afeto é sempre maior do que qualquer coisa” e concluiu com o seguinte pensamento: “abraço também é limite: acolhe, acalma e nos faz sentir amados”.

Esse debate, apesar de polêmico, contribui para as famílias e a escola na formação das crianças. Essa troca de experiências e reflexões, sempre preconizada pela DEdIC, auxiliam ambos os lados em suas rotinas, proporcionando aos pequenos o desenvolvimento saudável e rico em boas experiências.

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