Conteúdo principal Menu principal Rodapé

Sua equipe está reunida com um novo parceiro de negócios sueco. A pauta da reunião tem apenas três itens sobre os quais o pessoal local, cheio de entusiasmo, fala livremente. Tudo parece ir bem até que o estrangeiro faz um sinal brusco com as mãos: apesar de todos falarem inglês correntemente, ele não entendeu nada até agora. Diante do impasse, os brasileiros aprendem na prática que, para continuarem a negociação, os três assuntos devem ser tratados exatamente na ordem em que estão escritos na agenda, um de cada vez, ou então o europeu pode sofrer um curto circuito mental.

A situação acima ocorreu realmente em Brasília e é apenas um entre muitos exemplos do quanto os estilos de trabalho e de vida variam entre pessoas de culturas diferentes. Quando essas realidades não são compreendidas, a comunicação torna-se difícil e traz frustração para os interlocutores, qualquer que seja o assunto.

Com o avanço do comércio global, da tecnologia e da comunicação, sentimos como se quase pudéssemos tocar os 6.5 bilhões de vizinhos que temos dentro desse grande condomínio chamado Terra. Mas, afinal, quem são, como pensam e em que acreditam essas pessoas com quem trocamos cada vez mais serviços e mercadorias? Que novas estratégias de relacionamento precisamos aprender para interagir com eles? Para aqueles que desembarcam no Rio de Janeiro, Porto Alegre ou Manaus, entre tantas outras cidades, a pergunta mais comum é: como fazer negócios num ambiente culturalmente único e desafiador como o Brasil? E para nós, como podemos nos preparar para o diálogo internacional?

Seja em apresentações, reuniões ou visitas executivas com participação multicultural, é fácil notar as diferenças mais ou menos sutis nos comportamentos, na linguagem e nos hábitos alimentares, assim como nas roupas e nos usos do ambiente físico. Essas manifestações mais visíveis – nem sempre compreensíveis – são como pontas de um grande iceberg, cuja maior parte está submersa. Na base estão guardados os aspectos culturais mais profundos que envolvem a história, as tradições e as religiões, assim como os símbolos e as línguas dos diferentes povos. É justamente a conexão entre esses elementos que determina a variedade de pressupostos, valores, prioridades e até noções de tempo, tidas como certas, em cada canto do mundo.

Para estar no jogo hoje, além das habilidades técnicas, os brasileiros que têm chefia e clientes de diferentes países, aqueles que estão envolvidos com pesquisa, serviços e exportação, os que se preparam para viver no exterior, enfim, todos precisam conhecer a nova etiqueta internacional para transitar com desenvoltura no mercado e nas situações em que suas fronteiras comportamentais ou mesmo físicas são ultrapassadas.

Uma preparação intercultural ajuda a ampliar nossa percepção do mundo e das pessoas e também sobre quem somos, quais são nossos pontos fortes e o que temos a aprender com as outras culturas, reavaliando nossas formas de pensar e de agir. Tendo a visão alargada, o próximo passo é aprender estratégias para nos relacionar e negociar diretamente com executivos e autoridades estrangeiras das mais diversas origens.

No contato com estrangeiros, surgem muitas perguntas, indicando que precisamos saber mais.

* Como os europeus lidam com o silêncio?

* Como é a noção de hierarquia entre os africanos?

* Como os americanos expressam reconhecimento?

* Como os orientais lidam com o elogio?

* É fácil receber feedback dos australianos?

* Que peso os japoneses dão aos interesses individuais e do grupo?

* Como se vestir para fechar um negócio ou jantar com americanos e ingleses?

* Como as mulheres são tratadas nos dois hemisférios?

* Quais são os tabus e os assuntos perigosos de cada sociedade?

* Como as culturas celebram o sucesso e enfrentam o fracasso? Como as decisões são tomadas?

* Que importância o resto do mundo dá à hora marcada e aos prazos?

* Que padrão de comunicação escrita o mundo global elege para redigir documentos e e-mails?

Na convivência com as heranças culturais vivas nas pessoas, cada novo comportamento, expectativa e crença pode servir para enriquecer a percepção e desenvolver a flexibilidade dentro dos grupos e equipes em prol dos objetivos em comum. Em lugar de contar com o improviso e aprender na marra, a preparação intercultural é uma forma prática de gerir novos comportamentos, tanto para estrangeiros como para brasileiros em geral.

Hoje em dia, não basta ser fluente em línguas. É preciso ser culturalmente influente.

Fonte: Denise Coronha Lima – rh.com.br

Ir para o topo